Thursday, October 19, 2006
Friday, October 13, 2006
O real não se esconde...
Calças em sopa... acidez... agora secas... acidez... o sol fez seu trabalho... acidez... o cheiro da urina feita em vapor é abstraído... pelo menos as calças estão secas... não mais a umidade lhe arde o corte inflamado que come a virilha encardida e mancha de sangue os trapos que lhe envolvem.
Uma lata, duas latas, um cabide... a sorte cochila... parte para o próximo... escorre no peito a saliva que lhe tomba dos lábios rachados, sedentos pelo pote de açaí encontrado pela metade... com colher e tudo... a Coca-Cola Light é logo despejada em um copo grande do Mc Donald's e a lata lançada para dentro da sacola verde musgo... a fome lhe dá uma trégua... uma pausa para o cigarro... tenta acender com o primeiro que passa... com o segundo... com o terceiro... melhor tentar com o porteiro recostado na parede do prédio... o cigarro encontrado pela metade demora a acender... logo chega o filtro... outra bituca, essa um pouco maior é acesa na ponta que se extingue... senta junto a árvore que brota no cimento e racha o asfalto... merda... a desinteria não avisa a hora para despejar os dejetos do corpo doente... lentamente o caldo viscoso escorre-lhe pelas pernas quando põe-se de pé... o jornal que servira de leito para um qualquer, agora toma forma de toalha... lixo-luxo.
Thursday, October 12, 2006
Opressão do Só...
O naturalmente periférico, é consumido pouco a pouco, por não poder ser. Não poder? Não querer? Ou a negação do impulso de somente ser, obriga a criar artifícios de rejeição à crença do íntimo, alimentando o fruto podre da massificação que não lhe pertence, mas parasita-o, de forma que a influência externa controlada pelos dominantes cria um mesmo, um igual. A virtuosidade da unicidade espontânea mingua; a célula desprendida, sem saber - ou sabendo sem querer – é capturada pela secreção do ferimento que se aglutina a ela e a retém como corpo. Corpo social? Ou na verdade, carne social? Já que o corpo não está completo. O espírito do espirituoso foi exorcizado, resta a carne para alimentar, sem mais o risco de envenenar, a teratologia do poder.