Wednesday, April 18, 2007

13

“Segundo a polícia, 13 bandidos foram mortos no confronto que aconteceu hoje pela manhã”.

13 negros, favelados, filhos de uma não-sociedade. Bandidos? Todos?

13 anos. A avó geme com o menino em seu colo. A cabeça tombada, aberta, mancha sua saia florida. Seu irmão treme, apavorado, sentindo o frio da pele intumescida. Grita alto quando vê se aproximar os homens de preto, com máscaras e toucas que deixam apenas os olhos arregalados à mostra. A saliva escorre dos lábios que não conseguem se fechar, travados pelo choro incontido. A avó tira o lenço que lhe prendia os cabelos para tapar o rosto do neto, desfigurado pela pele flácida que se soltou perto da orelha, rasgada pela bala. “A bala da justiça” diziam uns do asfalto.

O troféu deve ser exibido às câmeras. Tiram o corpo dos braços da velha, que tomba no chão em histeria. A camisa do uniforme é rasgada e arrancada do dorso da criança. Agora está caracterizado como bandido: bermuda, sem camisa e havaianas. Arrastam o “mais um” ladeira a baixo. As objetivas são ajustadas, clicks são disparados de trincheiras improvisadas. Os homens de preto dão uma pausa em sua marcha e expõe o “traficante” para o mundo. Olhos sedentos se agitam em torno da cena. O garoto é jogado para dentro do “caveirão”, e faz coro fúnebre a outros três jovens-negros-mortos.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Jay Bee, Jay Bee..

7:28 PM  

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