Numa noite de inverno
-O que acha?
-Vagabundo!
-Sei que é vagabundo, mas quero saber o que acha que devemos fazer com ele.
-Matar ué!
-Matar? Isso pode dar problemas.
-Problema é este vagabundo na rua.
-Também não gosto disso, minha mulher já reclamou duas vezes, disse que ele pediu dinheiro quando ela saía do supermercado, e o pior, disse que fedia a cachaça.
-É vagabundo, já disse, não quer saber de trabalhar, só quer beber e curtir uma vida mansa às custas de nosso dinheiro.
-Isso é mesmo, mas não gosto muito dessa coisa de matar. Sabe como é, vou à igreja, falo com Deus, e mesmo sendo um indigente ele ainda é um ser humano.
-Humano? Isso aí não é gente não. Você o convidaria pra jantar na tua casa, sentar-se à mesa, beber um bom vinho?
-Claro que não. Mas isso não justifica. Eu não convido minha empregada pra jantar com a família e nem por isso ela deixa de ser gente.
-Mas ela é necessária, quem vai limpar tua casa? Não pode matar mesmo não.
-Mas é favelada.
-Favelada? Tua empregada é favelada? Você é maluco, chamar uma favelada pro seio de sua casa. Se eu fosse você, me livrava dela o quanto antes.
-Como assim? Vai dizer que tua diarista é garota Zona Sul.
-Não, mas não mora em favela. Tem muita diferença nisso.
-Você é muito radical.
-Você que é cego, e não vê essas coisas óbvias.
-Só acho que a gente devia pensar bem no que fazer.
-FICA PARADINHO AÍ SEU MERDA. VOU TE MOSTRAR O QUE FAÇO COM VAGABUNDO FUJÃO.
-Calma aí! Vai matar o cara.
-É isso que eu quero.
-Aqui não, pode aparecer alguém.
-Que apareça, duvido que concordem que “isso” continue sujando nossa rua.
-Mas pode ter alguém que chame a polícia.
-Pode chamar, só mostro a carteira que eles ficam quietinhos.
-Mas tem aquela dona que mora ali na frente, toda ligada à essas babaquices de Direitos Humanos.
-A gente desova no lixo e ninguém vê nada.
- Mas pode dar merda.
-Para de ser frouxo porra, já to de saco cheio dessa discussão babaca pela vida desse merda.
-Não sou frouxo, só quero ter certeza de que isso é a coisa certa a se fazer.
-Se matar, a gente recebe até medalha.
-Medalha?
-Acho que sim, já vi acontecer.
-Bom... Então mata.
-Vagabundo!
-Sei que é vagabundo, mas quero saber o que acha que devemos fazer com ele.
-Matar ué!
-Matar? Isso pode dar problemas.
-Problema é este vagabundo na rua.
-Também não gosto disso, minha mulher já reclamou duas vezes, disse que ele pediu dinheiro quando ela saía do supermercado, e o pior, disse que fedia a cachaça.
-É vagabundo, já disse, não quer saber de trabalhar, só quer beber e curtir uma vida mansa às custas de nosso dinheiro.
-Isso é mesmo, mas não gosto muito dessa coisa de matar. Sabe como é, vou à igreja, falo com Deus, e mesmo sendo um indigente ele ainda é um ser humano.
-Humano? Isso aí não é gente não. Você o convidaria pra jantar na tua casa, sentar-se à mesa, beber um bom vinho?
-Claro que não. Mas isso não justifica. Eu não convido minha empregada pra jantar com a família e nem por isso ela deixa de ser gente.
-Mas ela é necessária, quem vai limpar tua casa? Não pode matar mesmo não.
-Mas é favelada.
-Favelada? Tua empregada é favelada? Você é maluco, chamar uma favelada pro seio de sua casa. Se eu fosse você, me livrava dela o quanto antes.
-Como assim? Vai dizer que tua diarista é garota Zona Sul.
-Não, mas não mora em favela. Tem muita diferença nisso.
-Você é muito radical.
-Você que é cego, e não vê essas coisas óbvias.
-Só acho que a gente devia pensar bem no que fazer.
-FICA PARADINHO AÍ SEU MERDA. VOU TE MOSTRAR O QUE FAÇO COM VAGABUNDO FUJÃO.
-Calma aí! Vai matar o cara.
-É isso que eu quero.
-Aqui não, pode aparecer alguém.
-Que apareça, duvido que concordem que “isso” continue sujando nossa rua.
-Mas pode ter alguém que chame a polícia.
-Pode chamar, só mostro a carteira que eles ficam quietinhos.
-Mas tem aquela dona que mora ali na frente, toda ligada à essas babaquices de Direitos Humanos.
-A gente desova no lixo e ninguém vê nada.
- Mas pode dar merda.
-Para de ser frouxo porra, já to de saco cheio dessa discussão babaca pela vida desse merda.
-Não sou frouxo, só quero ter certeza de que isso é a coisa certa a se fazer.
-Se matar, a gente recebe até medalha.
-Medalha?
-Acho que sim, já vi acontecer.
-Bom... Então mata.
4 Comments:
Ficou bom. A lógica autofágica dos fantoches da direita.
Esse, pra mim, foi o "segundo-melhor".
A cada dia, você me supreende mais. E isso é bom.
Continua assim que, com certeza, você vai longe .
Beijo =*
H.
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...autofágica...rsrsrs
Pra um menino de sua idade vc escreve muito bem!
Parabéns, continue assim!
Tamrpo...rsrsrs
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